24/09/2008

Adstringência



Regue o furor das idéias...

sem destilar o óbvio e o sóbrio...

ou engula seco o sabor da amargura....

Seque e cálice...


Repare que é tão fluido e sólido...

como os momentos inesperados...

Erga-se ou rodopie...

Será sempre adstringente...


A aurora não o espera...

apenas espreita tua face...

como uma lâmina púrpura...

escorre em tua transparência...


Quando a razão for lúdica...

e os versos forem subversos...

Abrace tua imparcialidade...

Vomite o teu ego...


Então sigua a claridade ébria...

Sem titular lucidez em estupidez....

ou engasgue-se outra vez...

Sirva-se e aprecie...

29/07/2008

Anteparo ou Reparo


Perfazer ou apenas aceitar...
que dividir é melhor que somar...
Calma...discordar não é ignorância...
Destituir não seria te abandonar...
Fortaleço e desfaleço desta vez..
Forjar situações ou se entregar...
a vida que flui e devaneia???
Ou esperar que haja migalhas...
Restos ou não, nada sobra....
Fortaleço e desfaleço outra vez...
Recordações ou arrependimentos...
Apenas sugestões em firmamentos...
É meu lado empírico ou lógica???
Escrita certa ou linhas tortas
Fortaleço e desfaleço mais uma vez...
Perfaço e não apenas aceito...
O destino já está dado.
A escolha as vezes não escolhida...
Já desfaleceu a fortaleza erguida...

13/05/2007

A vida que te sela


Não permita que corrompa a tua arte....
Nem que as mãos sujas tragam-lhe o pão....
Prossiga o caminho do beneficio divino....
O que lhe orienta é a razão e não a sorte....

Atiça o fogo e esquente o café...
Atente-se para o que a vida ensina....
O amor que a família inspira......
Seca o suor da labuta ardida.....

Apesar de tão pouco que me resta....
Deixo-lhe tua caneta em forma de cutelo...
A saúde, o lar, a alimentação.....
E a dignidade de um cidadão austero....

Minhas mãos calejadas pelo tempo...
Esculpiram o teu futuro, o meu sustento....
Na esperança de que as pedras de teu caminho...
Sejam melhores que os espinhos de meu sertão...

Olhe, meu filho, não te esqueça...
Siga os conselhos desse velho arreeiro...
Faça do couro curtido pela sovela....
A arte da vida que te sela....

Metafísico


Não sou mais que essência de matéria...
Desde quando nasci....
Até quando morrer...

Um presságio, um flash no tempo...
A matéria viva inconseqüente...
Viva matéria que finge, sente....
Sente fluir o tempo que cinge...
Escapando pelas mãos o momento...

Antes pureza, hoje nostalgia....
Como o menino que descobre que a mais bela arte é a de descobrir...
E que as vezes as descobertas não serão descobertas...

O tempo urge, menino...
E com ela os sonhos, alegrias, memórias....
Memórias...

Mais tarde saberás...
Que essas são essências de sua vida....
Não mais que isto...

08/04/2007

A última anestesia



Uma pequena dose apenas...
Para o alívio do desespero...
Antes que o mal me adsorva...
Antes que o pó me dissolva....

Despreze a última medida...
Misture em solução irresoluta...
Aplique-a no cerne do imo...
Descanse a alma que perdeu a luta...

Um feixe de luz ao menos...
Para o conforto do inconsciente...
Antes que a perda vire ausência...
Antes que a dor se torne auto-suficiente...

Retire a agulha devagar....
Espere que o sorriso se desfaça...
Estanque o sangue que me escorre....
Encerre a lágrima que em mim morre....

21/03/2007

Natureza Adversa



Não importa se o silêncio não disse....
E tudo que sou versa ou vice....
Um inocente gesto que agride...
Soa em bela harmonia triste....

Ainda que a alma ausente desse mundo....
Encerra um grito mudo ou surdo....
De um sujeito mero adjunto...
A plena razão torna absurdo...

Apesar de não ter vida que acorda....
Persisto em natureza viva ou morta...
A expressão em arte insólita...
Vigora em nada e nada importa
...

01/03/2007

O segredo da Ave



Liberdade e beleza rara....
Retida em sutileza árida...
O que do osso tornou asa...
E criou a diva ávida....

Força e perspicácia ágil...
Que invade o céu e a terra....
Reflete esse animal frágil...
Símbolo de paz e guerra...

Corajoso e inocente ser...
Detentor de amor e ousadia...
Que fez a Fênix reviver...
Seria tu Ave Maria?